Em janeiro e 2020 a Fundação Hermann Hering recebeu uma coleção de documentos e itens de trabalho do arquiteto Hans Broos – importante nome no cenário do Brutalismo, movimento da arquitetura brasileira – e que no Vale do Itajaí/SC desenvolveu um trabalho ímpar, hoje considerado legado e inspiração para a arquitetura e a comunidade.
A coleção, agora em processo de documentação e digitalização via fundos patrocinados pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, é composta por pranchas e projetos completos, estudos, referências para criação, além de diários e cadernos de desenhos; e foi doada ao Centro de Memória Ingo Hering por Rosilea Girardi, que acompanhou os últimos anos de vida do arquiteto, vividos em sua casa e escritório em Blumenau entre 2000 e 2011.
Os documentos recebidos neste conjunto compõem o arquivo denominado Fundo da Casa da Rua Rieschbieter, e refere-se fundo arquivístico formado a partir do recolhimento dos arquivos pelos Professores Bernardo Brasil (IFSC) e Karine Daufenbach (UFSC), após o falecimento do arquiteto, momento em que sua casa e escritório em Blumenau, passou definitivamente para os novos proprietários.
Os laços com São Paulo também foram muito fortes, e parte do restante da coleção, chamado “Fundo da Casa do Morumbi”, encontra-se ainda na cidade.
“Há um diferencial no acervo de Hans Broos, além de documentos técnicos que registram suas obras, todo o processo criativo deste arquiteto artista pode ser acompanhado através de seus inúmeros relatos contidos em diários, agendas, cadernos de anotação, correspondências, entre outros. Naquelas páginas Broos fez questão de relatar suas divagações sobre a vida, a arquitetura, a geografia, o Brasil, enfim, sobre tudo que lhe rodeava e lhe atraia.” Thayse Fagundes e Braga, documentalista do projeto e pesquisadora em arquitetura.
Entre 2013 e 2019, o acervo passou a ser abrigado na sede da LOTO Arquitetos, em Florianópolis, sob os cuidados do Arq. João Serraglio. Neste tempo, passou por uma organização feita pela Bibliotecária Cleonisse Inês Schmitt, dentro do projeto “Hans Broos: memória de uma arquitetura” e cuja pesquisa gerou uma publicação especial.
A Fundação Hermann Hering, por meio de seu Centro de Memória Ingo Hering, tornou-se um possível local para salvaguarda da coleção de Hans Broos, para então tratá-lo e do ponto de vista conservativo, e incorporar estes importantes documentos à sua coleção no acervo histórico-contemporâneo. Historicamente os laços de Broos com a Cia. Hering são inesquecíveis: entre os anos 1960 e 1970 idealizou a construção do complexo arquitetônico da unidade Matriz e unidades “satélites” de produção, bem como o jardim suspenso, criado em parceria com o paisagista Burle Marx.
O legado patrimonial de Broos é hoje um importante referencial de estudos, e anualmente diversos pesquisadores, profissionais e entusiastas à arquitetura moderna visitam os espaços da Fundação Hering e da Cia. Hering em busca de compreendê-lo.
Projeto realizado pelo Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura, com recursos do Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura⁄Patrimônio Cultural ––Edição 2019
FICHA TÉCNICA
Projeto
Memória edificada: catalogação e digitalização de acervos no Centro de Memória Ingo Hering.
Período Janeiro a Junho de 2020
Proponente
Fundação Hermann Hering
Amelia Malheiros – Gestão da Fundação Hermann Hering
Arquitetos
Bernardo Brasil Bielschowsky e João Serraglio
Coordenação técnica do projeto
Franciele Machado Scheurich
Analista de comunicação
Daniel Philipi Knop
Analista Financeiro
Josiane Graziela da Silva
Empresa Contratada
Samsara Patrimônio, Cultura e Inovação Ltda – Me
Profissionais especializadas da área de museologia
Iara Claudinéia Stiehler Coninck e Thayse Fagundes de Braga
Instituição parceira na realização da ação cultural proposta
Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina – CAU SC